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quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

A dor do universo.


O turbilhão de Dor:


Tragado pelas correntes que ano após ano perfurava-se mais e mais em seus tornozelos, Gaudnar, conseguiu sair ileso parcialmente, mas muito danificado mentalmente. Era difícil encontrar um homem, um único, que era responsável por trazer consigo a dor do universo. Assim como um nascimento de um bebê onde sua genitora sente dores do parto, na criação do universo isso também aconteceu, e Gaudnar Drenner foi esse ‘sortudo’.

A prisão de fibras insanas ficava no alto de uma torre na constelação mais distante que apenas o universo poderia conceber, no amontoado de buracos negros em constante progresso de destruição.  Protegido apenas por uma espécie de campo magnético que se mostrava resistente ao dreno negro incomensurável de doze rodeados buracos-negros.
Talvez... Lá no fundo... O destino tenha pregado uma peça em nós todos, - porque foi quando os doze sugadores de massa estelar sobrepujaram tanto, durante tantos milhões de anos, que o tecido universal foi esticando até onde não podia mais, deixando o centro, Gaudnar, no efeito de cama elástica: Quando não se tem o que puxar, o ‘aspirador’ quebra, e quebrou. – catapultando a torre cristalina e o campo magnético para outro lado da galáxia. – O destino tem sim sido muito engraçado. Sepultando tantos milhares de pessoas boas, no mesmo ano, no mais reverente onze de setembro;

Mas lembrem-se bem da frase: tudo que é ruim pode piorar pra caralho! – E tempo não põe tudo em seu devido lugar. Algumas pessoas ainda hoje jantam sozinhas, com aquele lugar vazio que dói na vista, de algum parente que faleceu. O tempo é o pior destruidor.

Você sabia, não sabia, Gaudnar?


O cara veio parar na Terra em alguma região remota de Baltimore, sua torre, de um estranho cristal-sem-cor, pousada no cume de uma montanha. Deixando o lugar com um aspecto ádvena, insólito e heterótrofo. Se alimentando de raízes e terras boas nas adjacências da cidade rural, que a natureza demorou tanto tempo para produzir.
Veio barbado com aspectos berrantes de um idoso beirando seus setenta e um. Com os cabelos brancos como as formações nevadas, ao longe da linha do equador, no extremo sul (ou norte) do planeta.
Entretanto; os braços, longos e musculosos de algum jovem com bastante frequência em academias ou levantamentos de peso, estavam lá, ribombando abaixo do ombro. E as pernas, duas âncoras firmes de musculatura, rígidas e com veias saltadas.
A torre se moldava ao solo com tamanha maestria. E o seu campo magnético se tornava assim, uma camada que realçavam as cores de limitados, a partir de agora, pores-do-sol ao sul da torre que se encravava de frente para quem sobe a montanha, como se em afronto. Moradores de Baltimore passaram a relatar a estranheza das madrugadas, sucessivas de vozes aglomeradas no alto da montanha, que apelidaram de Amaldiçoada e Sem-Retorno. Se estivesse descontente com a própria vida, podia ir até lá, durante o inicio do crepúsculo soturno. Você não voltaria para contar histórias. Pois muitos foram, os marinheiros que se aproximavam pela costa, ou os próprios moradores, tentando desmistificar esses mitos. Tornando-se assim, parte das estatísticas.

11 de novembro.

Completando o ciclo perfeito de três meses desde que adentrou os vales druídicos e pantanosos, descobrir-se-ia que a torre com vida própria, estava não a somente matar as flores e terras, mas a aprender sobre o terreno e adjacências. Sugando conhecimento. Ficando afiada.
Gaudnar não estava mais com a aparência de setenta e um. Seu corpo respirava os 30 aparentes.
Beleza custa preço.
Não custa?
Os moradores, que sobreviviam aos tantos, de pesca ou comércio na encosta da praia, aperceberam, quase que tarde demais, os peixes mortos, constantemente se tornando habituais, surgindo trazidos pelas ondas. Também deram por falta de seus gados, árvores, e estranhamente fora de hora, começava um período de chuva incomum.
No alto da montanha, na íntegra, uma cachoeira de poluição negra e fumacenta tomava conta em descendência. E notaram, que se aquilo continuasse, então, esse amontoado enegrecido tomaria conta de toda a cidade. Como bons medrosos que o povo do interior são, tomaram providências.
                Gaudnar já sabia como fazer bom uso das plantas. Tinha em mente o conhecimento das carnes de bois e vacas e o uso que se faz com seus couros. Sabia que o ano tinha 365 dias e às vezes 366. Aprendeu o que ser o “Deus” dos seres humanos; seus métodos, suas crenças, e seus ‘portas-vozes’ aqui na Terra. Quase riu quando encontrou a ignorância no meio das palavras que justificariam atrocidades bíblicas como sendo santas.
Aprendeu que a fonte de energia solar é a única que provém tudo. E nada funcionaria sem este.
Compreendeu o valor nutritivo de mentes humanas, fazia algumas semanas que estava escasso dessa iguaria, e assim;
traçou seus próximos alvos.
                Treze homens marcharam para a montanha, mais da metade armados, menos da metade com pólvora e armas de monotiro dispostos a incendiar aquela construção titânica, mas todos com medo do que poderia encontrar à frente. Achavam que era dali que vinha tal terror. Achavam porque tinham medo de afirmar sua certeza.
Flint guiava a minitropa. Vinte e sete anos e já tinha sobrevivido a guerra de 94 com seus vinte completos, com mais baixas do que o traje militar do exército podia ter.
Condecorado de guerra que caminhava para uma morte subliminar.
Gaudnar assumiu a postura de Conde Drácula, pois em sua consciência tomada, pensou que este combinara mais consigo mesmo. E tomou atitude de transformar as paredes, as janelas, de uma torre colossal, em um castelo de pedras e com direito a um rio negro circundando a construção – onde uma ponte desceria aqui, alavancada por roldanas com cordas de sisal grossas. – Deixe-os vir, para o beijo da morte. – pensou e mostrou os dentes recém-adquiridos. Se moveu com a sombra da noite, e esperou, calmo e sucinto.
Flint chegou às portas do castelo. Observou com momentâneos calafrios na espinha, o rio obscurecido que corria com certas anomalias faciais surgindo e imergindo. Se benzeu e rezou os credos de proteção que aprendera na escola católica quando tinha catorze. Todos o fitaram com atenção, tentando entender qual seria o próximo passo. E então ele disse:
- Venham todos! O mal espreita à frente. Devemos tomar cuidado. Deus nos ajudará.
Eles seguiram, encontrando um cenário arcaico de anos 1770, arremetendo ao castelo de conde Vlad; com palhas em formato de blocos, luzes a vapor, construções de pedra lisa e/ou talhadas com nomes e desenhos estranhos. Mesmo com a iluminação pobre, a luz da lua no alto fazia um bom trabalho.
A trupe de medrosos seguiram para adiante, onde uma escada escura lhes pareceram bastante atraente. No topo, encontraram um caixão revestido a algodão dentro de seda, mas nenhum corpo, senão um bilhete dizendo: Conde Vlad descansa em sua tumba. Se prostraram a descer novamente. Já no térreo, a luz embebida de óleo de baleia, estava ficando fraca, a luz se escondia atrás das nuvens, era como se o mal estivesse chegado a galopes.
O que eles viram surgir foi um vulto preto no meio de inúmeros morcegos, se erguer e ficar com uma estatura de quase dois metros, e só então perceber que o vulto era um rapaz branco dentro de uma capa preta por fora e rubro por dentro. Proferia palavras com um sotaque estrangeiro, meio francês, meio espanhol.
- Quem ousa... Em sã consciência... Perturbar Vlad? – dizia.
Todos ficaram em silêncio. Até Flint tomar as rédeas.
- Eu ouso. Você é o responsável por destruir toda montanha. Matar nossos peixes. Acabar com nossa fonte de renda. Você é um mal a ser eliminado.
Gaudnar, o Vlad, se escondeu atrás da própria capa, tentando apontar que ele não sabia da missa a reza do que acontecia ali.
- Ora pois, não se faça de sonso. – Gritava uma voz tímida no meio das pessoas.
- Eu? – ele deixou um olho escapar da capa. Somente um. – Você tem certeza?
Flint ficou nervoso.
- Ou você decide, ou você morre, e decidimos por você.
Mas... eu... – ele tentou dizer em alto e bom som. Mas não conseguiu.
James Hudson F., ou Flint, como todos o apelidavam, interpretou os movimentos de Leônidas no filme 300 e jogou a lança improvisada que segurava, bem no peito daquele ser. O mesmo caiu com os braços abertos e desvaneceu em poeira.
Todos aplaudiram. O céu se abriu. Um raio de luz pousou sobre Flint. Então uma voz estrondosa disse:
Como Moisés, você guiou seu povo para longe do mal. E está na hora de todos Adentrarem a terra prometida.
A festa não podia ser maior. E simples, pois a única coisa a se fazer era descer as escadas do castelo onde a voz, acredito, vinda de Deus, ordenou. Disse que o Vlad escondia o portal para a terra em seu porão. Todos teriam de girar a maçaneta pesada de uma porta de ouro, e foi o que fizeram. Quando se abriu..

Mas que lugar é este?
Uma voz riu alto. Eles viram um sorriso se abrir no meio da escuridão. Gritaram até a garganta secar. O que liberaram foi uma criatura que estava poupando forças, criando figuras falsas para levá-los até onde queria. Poupado para destruir. E foi o que fez. A criatura tinha fome. Não uma que se sacia com carne ou vegetal. Àquela que destrói mundos inteiros e continua querendo mais. Aquela que agora está saboreando a via láctea inteira, e depois vai pra Andrômeda, e depois Orion, e ademais a Ursa maior. E depois metade da galáxia tem sido engolida. E essa é a verdadeira dor do universo, que sente fome, para criar mais dor. A Gula de Gaudnar Drenner, do terror abominável em Baltimore, para o universo, agora, indefeso. E agora não respirava mais ares da casa dos 30. Não, não, não. Agora ele suspirava, uma nova criação, um novo nascimento de um ingênuo e inexperiente universo virulento.
Ele se tornou a destruição do novo.

Gaudnar se tornou o princípio de um mundo que esse bebê chama de:

A-bo-mi--vel Ter-ror.






quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

O garoto afogado em pesadelos


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Não foi bem a chuva que o atormentou naquela madrugada, sacolejando e batendo na janela e fazendo sons de borbulho gutural na pia, onde; quando aconteciam chuvas fortes (como aquela) a água agia em refluxo no encanamento e isso explicava a estranheza.
Não explicava?
Não.


Quando George se levantou para ver se tinha algo no banheiro. Ele se deparou com a cena que, se estivesse oito anos mais novo (e isso o deixaria com 4), acabaria com a inocência de qualquer criança.
Seu pai enforcado no suporte superior do box na área de banho - Sua mãe com as pernas abertas em um semi espacate, com a perna esquerda tocando a cabeça, a cabeça revirada para trás, alavancada às costas, e o tórax, rasgado desde a altura do pescoço até próximo a vagina.
Ele acordou.
Uffa!
A chuva ainda batia à janela de tempos em tempos, e aparentemente, por causa do escuro espontâneo no quarto, ainda era noite. O seu peito resfolegava ar como se tivesse dado a volta em seis quarteirões antes de se deitar. Os seus olhos quase saltavam fora da caixa. Mais que merdas eu vi? - Pensou.
Mas que merdas você viu?
A resposta era simples, curta, e sem dramatizações desnecessárias: Jogos mortais. O filme que sua mãe o notificou para não ver. Os pais, na idade que George tinha, sempre sabiam das coisas. E sempre eram chatos pra cacete! Você não pode fazer isso, George. Você não pode fazer aquilo, George. É perigoso George. É ruim George. Você é preguiçoso, George, não presta pra nada.
A voz veio do lado do seu rosto, como se uma boca estivesse colado a ele.
- Tá na hora de crescer... - sussurrou - Pequeno George...
Um palhaço. Não. Não a merda de um engraçado e cheio de graças e burrices propositais que arrastariam gargalhadas aconchegantes. A merda de um palhaço com dentes pontiagudos e com uma língua oleosa oscilando entre cada um. Os olhos eram duas esferas oculares de gato. E a mão, que ele não tinha percebido (por que fitava o teto), tão grande quanto pés de pato de nadadores e tão estranhas quanto. Dedos descomunais. Tudo descomunal, até mesmo o rosto, que era pequeno. O palhaço reverse! Espera aí... Isso não veio dos jogos mortais.
- Não veio não, George-dooguie. - ele disse rimando - Veio da sua mente, seu demente!
E antes que o garoto pudesse responder as garras dentárias do palhaço o atracaram, bem no alto da cabeça. Arrancando na ignorância. Selvageria seja seu nome, e sangue voou no vidro da janela, acima da cabeceira.

E lá estava ele... Acordando mais uma vez.
Ainda era noite, a maldita janela ainda era alvo da chuva, a pia também era malevolamente inquietante e sorrateiramente, ao que parecia estar viva.
Pegou na sua cabeça, não, tateou com devido cuidado para saber se estava mesmo lá. Olhou para os lados e não viu palhaços. Olhou pra baixo da cama, bravamente destemido, e também não havia nada lá.
Uffa!
George foi até o banheiro, acendeu a luz e assistiu durante um tempo a projeção da sua sombra no quarto, uma luz no vácuo que bruxuleava uma massa escura em magnitudes bizarras. Era ele ali de pé, lavando o rosto com os olhos injetados de quem teve uma péssima noite de sono, se olhando no espelho, abaixo da lâmpada de fluorescente. Um garoto gordinho com as bochechas engraçadas. Como morava em um bairro pobre; a chuva também fazia oscilação de energia, então a lâmpada fluorescente de eletrodos começou a ir e vir.
E os arrepios também.
Foi quando, sua sombra, começou a se mover no quarto. Mas George estava parado. Como pode isso acontecer?
- Mas que merd... - antes de poder completar a frase,e... e... e... {...} - a sombra, que vinha, obviamente como qualquer outro ser humano, de baixo dos seus dedos e se projetava até o quarto parcialmente iluminado e parcialmente escuro, o arrastou, imitando os movimentos (pelo menos essa parte era visível) de alguém puxando algo preso embaixo de uma superfície pesada. O levou até o escuro completo, quando a lâmpada parou de oscilar optando por finalmente ir sem voltar, e começou a atacá-lo ali mesmo. Porque todo mundo sabe que uma sombra fica mais forte no mundo delas, ou no ambiente preferido delas, o Plena Tenebris (escuro completo).  
{...} O arrastou e o arranhou e o que George conseguia ver era: o absoluto e estranho, nada. Era atacado pelo o invisível e destroçado nas mãos, que sangravam tentando proteger o rosto, ou a barriga gordinha que estava com várias marcas na camisa que atravessava até a pele, por algo existencial e conspícuo.
- Deus. Me ajude... - o apelo saiu tão baixo que ele próprio quase não escutou. E o que se seguiu, a resposta, veio de um coro que não conseguia ver, mas escutar.
- Ele não está aqui agora, George. - disse o coro com centenas, ou, milhares de vozes reunidas.
E um amontoado de escuro se transformou em um ser tocável. Os olhos do garoto perceberam que estava sendo observado por dois buracos que pareciam ser olhos.
Quando tentou fugir para o banheiro. O turbilhão de escuro o puxou como furacão fazem com as casas em tempestades, repetindo o mesmo com ele, puxando-o pedaço por pedaço, unindo o sangue, a gordura, a pele, ao escuro tornado que ficava mais urgente. E por alguma razão desconhecidamente especial; George estava assistindo tudo aquilo como um participante em uma realidade 6d de sentimentos e sensações.
Acordou mais uma vez. Bem na hora que 'aquilo' deu a vez ao seu cérebro se juntar e ele não passava de uma escultura de ossos inerte.

Ele acordou drenado. Suas forças se esvaindo. O peito pesava duas toneladas e os braços e pernas mais cinco. Mal conseguia respirar. Se aquilo acontecesse de novo, então, seria o fim. Não aguentaria outro Round com aquela sessão de pesadelos.
Mas o Sol já estava surgindo e como o super homem aquilo o deu forças novamente e ele se levantou.
O tão quentinho e brilhante Sol. Que alívio...
Seu quarto era no último andar de uma casa de quatro. Ele abriu a janela e sentiu o cheiro de água suja misturada as flores que residiam à frente da sua casa. Era uma distância considerável, mas dava pra sentir sim.
Abriu os braços e prometeu nunca mais se envolver com terror, na vida dele, novamente.
Aquelas promessas mentais (como; vou emagrecer próximo ano. Deixarei de ver vídeos eróticos na internet. Serei um homem melhor. Um pai melhor.) que ele sabia que não conseguiria cumprir.
Terror era uma droga viciante e de graça, qualquer esquina tinha traficantes com suas mercadorias vindas em forma de livros completos, dvds, cds, contos, curtas (para cegos, em forma de audiobook, claro).
Toda esquina. Todo dia... Quão acolhedor era pensar naquilo. Deixando sua mente perversa como Hannibal Lecter. Ou maluca como Jigsaw. Até mesmo inteligente como Kira de um desenho japonês com nome pitoresco.

Como qualquer pré-adolescente, George morreu pelo pensamento; Pois o Sol começou a se tornar negro e as nuvens de um tom rosado mesclado a púrpura doente. E seu sorriso se fechou.
- DE NOVO NÃO! - protestou. Mas em vão. Muitos monstros surgiam no horizonte; daqueles sem cabeça ou que se moviam com cordas, até mesmo sem rostos.Que se arrastavam, ou que grasnavam. Nominais e inomináveis. Uma apoteose animalesca de personagens inventados por uma mente tão doentia quanto o ser que agora observava tudo aquilo, imóvel e com calafrios agudos.

Se aquilo era uma bacia de água repleta de pesadelos e coisas que afrontavam a insanidade da Terra, então George Wilson Sinclair estava afogado nela até a garganta. Conseguia até sentir água (pesadelo) entrando em seus pulmões ou por qualquer abertura e fazendo estrago lá... E ouvindo os pais dizendo, o que era diariamente habitual, Você não presta pra nada, George, é preguiçoso.

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O garoto enlouqueceu. Se jogou do quarto andar e quebrou o pescoço enquanto sua mãe acordava para receber o carteiro à porta.
Tentou gritar - ao ver o sangue espichado nas paredes e à cinco metros na circunferência do que era o seu pequeno garoto, e agora era apenas a carne rosadamente avermelhada e amontada que sobrou jazendo-se em sangue - mas naquela manhã ensolarada linda e repleta de resquícios de nuvens alaranjadas de janeiro...




Foi tarde demais...




Continuar?

S/N




 

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