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segunda-feira, 4 de abril de 2016

O Grandioso Circo Mystic Heaven - Parte 1/2.



Onde o vento sopra mais alto na mente ignorante de pessoas com egos igualmente proporcionais, adentrado o desespero. Bem, eu estive lá. Sozinho? - (não sei ao certo). - Com medo? - (a palavra certa seria realmente essa?) Independente desses sentimentos frágeis, sentimentos humanos, eu estive lá. Nos fazem fracos, mas com o passar do tempo nos fazem forte, correto? - Teoria de crescimento interno, aprendi essa com meu psicólogo. Mas de qualquer forma é outra mentira que pago para ouvir, apenas para diminuir o fato ou fingir dissipar aquelas lembranças como se nunca houvessem acontecido! Eu tenho lembranças duras, sabia? Mas tudo bem, ficará sabendo agora. 

Não é um fim de ano em uma casa de veraneio, bebendo e dançando como jovens malucos que sempre acabam trabalhando em um emprego horrível e se tornando uma pessoa desprezível que corre atrás de um passado que nunca existiu, (mas poderia ter existido se não fossem tão ingenuamente ignorantes propositalmente). Justificando erros sobre erros, conhecedores da vida ou filósofos desse tempo, que julgam como se fossem os juízes, mas que na verdade, como Stephen King informalmente iria dizer em uma de suas novelas literais;"Eles não sabem de caralho nenhum".

Duro, porém Realidade. A verdade dói, amigo, aprenda a caminhar ao lado da dor e trilhará o caminho da verdade (outra coisa de meu psicólogo que herdei, e haverá muito mais daqui pra frente).

Continuando, agora para começar de fato:

Longe de suas bebedeiras. Longe de suas festas medíocres, pastando um solo de gramado com algumas tumbas e algumas flores espalhadas no chão, algumas desgastadas e semi-mortas. Longe, Apenas longe. Fora de tudo isso. Há uma instalação móvel grandiosa, uma das quais seus pesadelos se tornam realidade. Uma da qual você não quer ousar pensar, e mesmo se tiver essa braveza, ficará louco muito antes de chegar a uma resposta particularmente razoável.
Gritos agudos, mais fortes e mais entonados do que os de Rob Halford - gritos de medo.
E se isso te lembrou The Great Gig In The Sky, esquece, também passam longe por que não foram fingidos e sim verdadeiros.
É lá, o núcleo de seus pesadelos, é onde eles se tornam reais.
Os grilhões arrastam no chão trazendo seu pensamento consigo e diferindo-o na parede de tijolos que circundam a casa. Construção ou demolição? Como demolir algo que se restaurará em breve?
Se não me engano, a Hidra, monstro mitológico, quando se cortavam uma de suas cabeças, outras duas nasciam no lugar. Posso garantir que a história que contarei é semelhante.

Acredite ou não, há residentes lá. Dos quais me lembro bem. Aqueles de terno e gravata com rostos fundos e olhares desnutridos. 
Sempre sabem quando alguém irá chegar; eles adivinham. Semanas de antecedência eles preparam tudo para que a Mystic Heaven - permaneça perfeita, e superficialmente falando, apenas para engana-lo dentro do buraco mais sujo que esse mundo possa ter. 
Pessoas costumam ir a circos e para quê? se divertir é claro, essa seria a resposta mais óbvia. Mas me recordo bem de ignorar mágicos nas ruas por quê sempre chamei de enganação barata, nunca acreditei em magia, portanto é duro para mim agora dizer isso, 

Aquilo não foi mágica, foi na verdade, (e teve um fundo de agonia também) - Real. 

Com todos aqueles ossos abaixo de mim, eu conseguia escutar as vozes de todos eles que já caíram naquela armadilha. Uma trapaça mental tão inocente quanto a frase: "Escolha sua carta e mostre a todos, menos a mim. Eu não posso saber qual carta você escolheu". Então... Minutos depois ele acerta. Minutos depois você afunda dentro de um poço de ossos e olhos negros das almas que já foram perdidas em um simples truque de mágica. E por quê? Como eu disse, amigo, ignorância. Você tinha a vitória dentro das suas mãos, mas num passe de mágica tudo é virado contra você, e a aposta que você fez, é apenas, sua própria morte.
Me diga, como eu poderei ir adiante sem antes eu te contar tudo? Não se preocupe, são apenas fatos necessários. 
Aquela paisagem sobrenatural que me refiro está longe de ser um filme thrash dos anos 60. 
Apenas...

O corvo gritando, os trompetes ressoando no ar, as cabines acendendo sua luz, as barraquinhas de comida começam a funcionar com todos aqueles cachorros quentes e algodões girando no palito finitamente esperando apenas um olho maravilhado pedir dinheiro para um dos pais para comprar. Tudo está pronto novamente para mais um show fantástico.

Então a cortina se abre de vez por mais uma noite, e revela:


O Show mais emocionante e mágico da vida de vocês.

Caso contrário o seu dinheiro de volta, mas esqueça isso, vai ser incrível.

Ass: O diretor.





Mystic Heaven






1969, 10 de Dezembro, eu ainda sabia dançar. (Bird is word)
¹Você não conhece sobre o pássaro não é? 




Eu andava com meu blazer (conjunto) de uma peça de roupa que paguei caro, apenas para ficar parecido com Robert Johnson² - O orgulho da nossa raça naquela época.
O cara podia ser quem fosse mas conseguia tocar tão bem quanto um anjo toca uma trombeta, nunca ouvi um anjo mas ouvi Robert Johnson e acho que ele se assemelha a um. A ideia de ter um negro tocando sobre "vender a alma para o demônio por ser um sujeito pobre em busca de fama e sucesso financeiro imediato " me fazia pensar que: eu estava na mesma merda, ou pior, ou melhor por ter um par de sapatos (um belo par, então isso me faz meio humano, não é?), ou seja: Se aquela mesma oportunidade surgisse, eu a agarraria e viveria como se fosse meu último dia na Terra.
De qualquer forma se houvesse uma chance de trocar minha alma para conseguir ao menos um pão com manteiga da Summers (restaurante chique da época, e que agora se tornou uma marca de restaurantes mundialmente famosos), eu o faria (apenas para você ter uma noção de como eu não estava brincando. O mundo era uma merda, mas falaram que é das merdas que surgem moscas ou da merda que se há sucesso, hoje em dia é provado isso, mas enfim... deixa pra lá).
Era meio louco pensar isso, saca? (eu não usarei isso novamente,"saca" não faz parte do meu vocabulário há quase 38 anos. Falei para me enturmar, é assim que jovens que tem a idade que eu tinha falam hoje em dia, saca? - Chega por hoje.) Mas se é louco pensar, você não deve opinar contra um jovem de 21 anos daquela época, onde o preconceito reinava como chicotes em nossas costas e era preciso apenas um olhar de um "senhorzín" (brancos) para fazer-nos tremer na base. Sendo negro você é ladrão, sendo negro você é culpado por que a sinhazinha (brancas) derrubou as compras por ser desastrada, você é também o cesto de lixo alternativo que eles usam quando não tem nenhum por perto. Jogam o lixo em cima da gente mesmo. Independente do que ele seja.
 Um dia um homem me bateu na rua com um porrete velho que estava metade no esgoto e metade na calçada da viela, porrete que me provocou dor e ainda sujou minha blusa branca, e se tentasse adivinhar por quê, então sua resposta passaria longe de ser:
- Apenas para impressionar as mulheres da época, como posso dizer no vocabulário atual, "dando uma de machão", e então, você acertou?
Isso tem algum sentido?
Mas aquilo teve volta, ah mas teve sim.
Peguei o porrete do senhorzin e ataquei na cabeça, enquanto estava inconsciente eu mijei na sua cara. Fiquei feliz uma semana. E então ele descobriu por causa da velha Jane, ela havia visto a cena e esperou ele passar na rua novamente para contar. E assim que eu fugi da cidade e vim parar aqui em Rotten Cost "West"(atualmente há a "South" e a  "wembeley one" também). Ainda moro aqui, tenho família, já tenho netos também, aqueles que passam o dia em casa diante de computadores e aparelhos telefônicos deus sabe-fazendo-o-quê, e nesse momento na Tv de tela plana (eu cresci na vida) está passando as eleições presidenciais e se o cara negro ganhar, ele será o primeiro presidente negro dos Estados Unidos.

Agora eu posso ser formal? Passei 4 anos no mestrado de letras, e já está na hora de abandonar aquele vocabulário que diariamente eu vou considerando ainda mais imundo.

- Minhas condolências ao senhor que devolvi na mesma moeda seus atos grotescos contra mim. Eu poderia ter deixado barato, mas eu o fiz. Sua maneira de morrer fora bem mais cruel do que seus atos e os meus juntos. 
Ou seja...

E antes que pergunte: 
Eu não o matei. Digamos que... Um triturador de resíduos de pia tirou o dia de folga para brincar de sacolejar ossos e fazer uma bela chuva de "suco-de-morango bem fresco" durante um jantar especial com os filhos do "senhorzin".
Alguém tentou consertar algo que estava ligado, apenas estava com um ossinho preso que não fazia as lâminas girarem. Então... Agora não era um ossinho só, não é?
Por conta dos detalhes básicos serem pesados demais para esta história (vai haver detalhes surreais mas não quero começar aqui) eu irei abandonar esta memória de vez por ora, considerando que a chuva vermelha fez aquela casa que ele morava ficar inabitável com moscas rodeando aquelas manchas até hoje. (Eu tentei comprá-la, e coincidentemente esta casa fica uma rua atrás da minha).
Levando em consideração tudo isso:

3 segundos de silêncio para ele.



- Agora a história começa... ainda dá tempo de se arrepender e esquecer de tudo que leu e voltar para suas novelas caseiras matutinas ou tardias.



(Isso foi apenas um breve aviso)






Emilly Saint Jo:

Eu conheci o cinema de Denterson Forbes e conheci aquela rua também - A rua Emilly exalava o perfume de flores de primavera, lá não havia preconceito, e me tratavam como um verdadeiro irmão. Somente naquela rua. As demais eram repletas de policiais que criticavam você e apontavam o dedo diretamente em seu rosto esperando uma reação, e para quê? Somente para fazê-lo ser preso por agressão a autoridade, eu nunca reagi, mas vi alguns companheiros surrarem o policial até fazerem uma bela poça de sangue afundada em amassados faciais e que até os dias atuais estão morfando na cadeia, e outros foram executados na cadeira elétrica. Com direito a platéia e música clássica, bebidas também, e risadas - Aquela cidade é brutal, se me permite dizer:
até hoje ela continua a ser, parcialmente talvez. - uma forma maluca de comemorar a morte de alguém; eu acho.
Mas me diga que sou maluco e isso é mentira.
Por favor, me diga.
Preciso ouvir para me sentir humano novamente.
*Risadas histericamente conturbadas e insanas, metade a metade.*
Pelo menos por enquanto.
(metade a metade) - Você logo entenderá essa frase.




1970, 24 de março. -
 Noite gelada e ventos assobiantes. E de céu infinitamente estrelado.




Eu chutava latas pela rua Rotten Hill em meados anos 70. Eu trabalhava na fábrica de algodões do Sr. Merlbournes, e meus bolsos estavam ao menos cheios (de algodões, não, era um pouco de "din-din" mesmo) de dinheiro fofo, uma quantia que você usa hoje para comprar balas em algum mercado e não consegue se satisfazer, mas que antigamente era usado para comprar uma imensidão de itens que dava para todo o mês.
e se me permitir a intromissão uma vez mais; Era algo bom.
Eu quase me esqueci deste detalhe inútil: Eles não dançavam Surfin' bird mais, aquela dança se tornou estranha e ultrapassada, começava a era dos hippies mas eu ainda sabia dançar. E dançava escondido, aquele hit jamais morreu pra mim.

-

A estrada estava escura, iluminação baixa de postes com lâmpadas singulares faziam um cenário estranho e nada agradável, já passava da meia noite e isso piorava ainda mais as coisas. Louis Raterball me olhou e fez um gesto com a mão esquerda chamando-me, e no outro lado da rua, suas dezenas de pulseiras no braço fizeram um som semelhante a de um sino. Talvez ela tivesse descendência cigana, algo que nunca perguntei. Naquele clima, aquelas pulseiras, pareciam o tintilar dos sininhos das renas do papai noel. Eu tinha muita imaginação antes (deve ter percebido), hoje em dia perdi uma boa parte.
- Venha cá, Braw! Tenho uma surpresa para você. - Eu apressei meu passo e a medida que eu chegava mais perto, o contraste da luz do bar sob a lona da qual ela estava debaixo revelava um papel dourado e iluminado.
- O que há para mim? - Questionei-a, com as mãos fora dos bolsos da calça social, levando o blazer as costas em uma posição que ele não podia cair, em cima do ombro.
Ela finalmente estende sua mão - Ela segurava na outra mão um ingresso para ir à um circo local.
- RusszMeyer's show? - Cocei a cabeça por cima do chapéu de Camocim-preto.
- Dizem que são bons na arte da comédia, dança - ela fez um pequeno movimento com as duas mãos, como se ensaboasse as costelas - expressando - Misticismo - Ela levou um das mãos ao rosto, ocultando parte dele. - E falam também que a magia - ela remexeu todos os dedos da mão - É o melhor de tudo, alertam para os forasteiros que depois de todas as atrações, nunca se deve perder o Grand Finale com o maior mágico do mundo. E isso veio de bônus embrulhado no maço de notas de dez que recebi de pagamento. Como pode ver o clima aqui está baixo e eu preciso trabalhar dobrado para arcar com as despesas do mês. - Ela estendeu a mão apontando bar adentro, e eu realmente percebi que o fluxo estava abaixo do que eu costumava ver por ali. Tentei fazer uma piadinha sobre mostrar os seios para aumentar a clientela, mas ela somente riu e interrompeu o que viria a seguir com um tapinha no meu ombro.
- Por quê não vende o ingresso, certamente por "falarem que eles são tão bons assim" - fiz aspas com os dedos indicadores e médios, afagando o ar. - irão pagar uma boa ponta, e aqui diz: Premium ways. - Eu observei o ingresso buscando os dados sobre a data e horário, e fui surpreendido com o que achei, era para o próximo dia às sete. Quando o Sol começa a dizer adeus e os coelhos operários entram para em suas tocas. - Era uma frase da cidade, eu me lembro bem.
- Isso é caro, é chique demais. Certamente vai ganhar uma ponta - ( se referia a "ganhar uma ponta" como muito dinheiro, uma quantia minúscula atualmente. ) - Algum ricaço branco pode querer comprar, e de acordo com a urgência, você pode ganhar bem mais do que o próprio valor. - Estiquei a mão de volta a ela. Entregando-a novamente. Ela recusou com um aceno superficial.
- Observe o clima do bar de novo. - Eu já sabia como estava, mas mesmo assim obedeci. - Eu tenho cara de quem tem tempo para estender o vestido e mostrar minhas belas pernas - ela o fez, mostrando para mim como seria - para atrair homens e implorar para eles que compre um simples ingresso? - Aquilo me pareceu uma pergunta retórica, mas naquela época eu sequer sabia o que era isso. - Absolutamente não! Você sabe disso. Está aqui há pouco tempo, apesar de ser novato supera os outros daqui que não conhecem a rotina de uma mulher trabalhadora. - Ela fez um legal orgulhoso com a mão e levou o polegar até o nariz, esfregando-o como Bruce Lee fazia em seus filmes.
Eu entendi a razão daquele aceno superficial pelo o que veio a seguir:
- Eu entendo que você trabalha muito. - o que me fazia questionar-se a razão de ela estar quase uma da manhã parada na entrada de seu bar, se eu a visse com um cigarro, seria aceitável. Mas não vi. O que vi foi um rosto atento a ambos os lados da rua pouco iluminada, um rosto preocupado em certos pontos da rua que se mantinham ocultos na escuridão completa. Você não poderia dar um chute no que tinha ali, em quem ou no quê estavam escondidos ali.
- Braw. Pode levar não quero dinheiro. Apenas leve! - ela empurrou o ar na minha frente com as mãos em forma de concha, recusando. Mas ela me conhecia. Mesmo eu sendo "principiante no jogo", e nisso eu quero dizer ser novato na cidade, não me fazia um cara amigável e a ideia que tinham sobre mim eram a de que eu poderia ser algum ladrãozinho barato, mas Louis Ratterball sabia que eu pagaria e agora eu me sinto um mágico profissional sendo enganado pelo melhor palhaço do circo.
Ela estendeu o vestido revelando suas coxas grossas embrulhadas no meia-calça. Olhou para ambos os lados e para trás, certificando-se de que estávamos sozinhos ou ocultos por ora para tentar fazer o que hoje chamo de "Jogada-mestra":
- Eu recuso dinheiro, mas quem sabe você não fica me devendo algo, mocinho? - Louis sussurrou em meu ouvido, e eu senti o cheiro de seus cabelos loiros e eram de uma fragrância suave e lembrava-me muito o cheiro dos morangos.
Algo cresceu por dentro da minha calça social e eu já sentia arrepios na nuca.
- S-Sim - gaguejei por conta da mão boba alisando ²"você-sabe-quem". - O q-qu-e quiser.
- Que tal passar um tempo aqui, até amanhã de manhã? Poderá beber. E pedirei um único favor depois... - Ela diminuiu a tonalidade de sua voz - mas terá que pagar, meu bem.
- S-Sim. - Disse, não me importando com a urgência que aquele favor iria ser.
Ela baixou o vestido novamente, esticando-o e o amaciando com as mãos, ajeitando-o novamente.
Eu senti algo úmido na cueca, mas evitei alertá-la e hoje sei que fiz certo.
Me puxou pela gola da blusa branca e carregou-me até a cadeira onde sentei e comecei uma conversa com suas irmãs, não tão bonitas quando ela mas ainda sim mais bonitas que eu, e quando me dei conta já era 4:50 da manhã e garrafas de uísques e múltiplos copos grandes de cervejas estavam espalhados por toda a mesa. E parte das garotas estavam desaparecidas sem eu ter ao menos percebido seu sumiço e as que restavam estavam conversando entre si e me excluindo de grande parte do assunto, então eu percebi que o me deixava com cara de palhaço era que:
- Eu não bebo e ligeiramente fui enganado.
Também eu (uma forma de dizer bom faturamento) dei lucro ao bar. Dei mais do que tinha. Essa era uma tática de não afundar no bar, primeira regra dos negócios (em lugares sujos da cidade, claro) não vai à falência quem ainda tem dinheiro, mesmo que este não esteja em suas mãos, ou seja, quando alguém te deve. Agora entendeu por que ela recusou o ingresso?
O que me derrubou mesmo foram as conversas sobre sutiãs, calcinhas e experiências sexuais fantásticas, que para mim de 21 anos que nunca havia visto mais do que uma coxa grossa por dentro de uma meia-calça em toda minha vida (eu digo de vinte e cinco para trás), eram o mesmo que entrar em uma história de prazer eterno e fantasias sórdidas inimagináveis. Algo na minha calça crescia em momentos mais quentes e permanecia de pé (esperando) em momentos que eu chamo de "só conversa fiada sem ação". Eu dormi no quarto que ficava no primeiro andar do bar e por conta das poucas pessoas, ainda haviam muitos quartos disponíveis.

No outro dia, exatamente ao meio dia. Paguei meu quarto e o outro quarto, para onde garotas desaparecidas fogem para aumentar ainda mais a renda do bar. Logo após olhei meus bolsos. Aquele dinheiro para-todo-o-mês havia desaparecido completamente.
E algo me dizia duas coisas:
No próximo mês metade da grana iria desaparecer também (ela sabia disso),
e eu continuaria sem beber até os dias de hoje. (e cumpri).

E também ainda devia aquele favor a ela. (Por enquanto).



Permutando meus sapatos caros por uma nova quantia de dinheiro considerável, eu passei a usar um par mais vagabundo e também da cor preta, mas pelo menos eu ainda conseguia passar o mês. Isso se eu não voltasse mais naquele bar, algo que eu não iria fazer de maneira nenhuma.
Havia uma coisa que eu tinha esquecido, e quando voltei para o quarto alugado da pensão Pennywolf, eu encontrei. Ao lavar meu blazer com um sabonete, do qual era oferecido pelo serviço de quarto da pensão, e fui revirá-lo do avesso algo caiu do bolso e flutuou no vento, fazendo o desenho de barco no ar até finalmente cair no chão.
- Pura sorte, eu quase o perco. - Pensei consigo e guardei no bolso, mas desta vez no da calça.
Revirei minhas malas com roupas e troquei apenas a blusa e o próprio blazer, enquanto dependurava o outro para secar na janela. Almocei no refeitório da pensão mesmo, não era nada sofisticado mas eu ainda podia levar o prato para comer no quarto. E perto do corredor que dá direto para os quartos, eu vi uma estante de revistas e uma delas me chamou muito a atenção, uma coincidência agradável e cara, devo admitir:
- Nove e noventa e cinco por um guia de shows na cidade desse mês. Se eu não tivesse tão interessado assim e sem lugar para onde ir, então com certeza eu não ia pagar essa quantia toda. - E não ia mesmo. Mas aquele mágico de luvas brancas e bigode fino esticado para os lados como o de Charles Chaplin (porém bem mais finos e esticados sofisticamente) e uma cartola semelhante a dele também, tudo me impressionou muito e de maneira instantânea. Parecia que eu estava preso a um fio de mágica que levava diretamente ao olhar daquele homem, dentro daquela imagem, em um fundo preto e branco, meus olhos davam cor a imagem. Cores que nunca mais vi igual na minha vida (nisso eu posso dizer - Até hoje).
Para um jovem de vinte e um, aquilo era um paraíso de fantasia. aludindo o desconhecido. Um dia o homem disse que as melhores coisas eram as coisas desconhecidas. Essa frase era fantástica pra mim. Eu não sabia ainda (claro),
mas igualmente seria o seu show.

Com o prato em mãos e tentando atrapalhadamente equilibrar o prato e em um espaço que deixei reservado, afastando todo o alimento, o copo. E logo abaixo do braço a revista e na outra mão a chave do quarto.
Eu abri a porta e fechei-a levemente com as costas, empurrando devagar para não desequilibrar tudo e quebrar o que não tinha dinheiro para cobrir. Deitei na cama e deixei o suco na janela, nunca o tomo até terminar o alimento (até hoje).
Abri a revista e o conteúdo era surpreendente, me dá calafrios lembrar de tudo agora. A cada garfada, a cada revirada de página, a cada palavra, a cada detalhe contado de maneira expressiva, truques e mais truques, as perguntas iam surgindo: Como ele fez? Esse cara é de outro mundo? É verdade? É apenas truque? Há dois objetos? É fantástico... Tudo é. Tudo deve ser.
Viro a cabeça em 180° graus a direita.
Alguém bate a porta, e algo me diz que não foi a primeira vez.

Olhei atentamente a sombra por baixo da porta, de onde eu estava deitado (eu comia assim na época, lendo algo. Constantemente era o jornal). A sombra dançava e logo outra massa escura se juntava a ela e pequenos grunhidos iam se tornando uma frase legivelmente audível, e as batidas na porta iam aumentando compulsivamente ao longo dessas frases.
- Há aí? guem? al aí? Há alguém aí? - Eu achei que fosse a própria porta falando comigo, não era de se estranhar já que na porta estava estampado o mapa da pensão e acima o olho mágico, ou seja, parecia um ciclope ou alguém com um tipo de deficiência visual que tinha um mono-olho.
Me apressei.
Puxei a maçaneta, ainda avulso, eu hesitei quando vi bem quem era.
- Não pude deixar de ver que pegou uma revista no corredor, então do troco do almoço eu tomei a liberdade para retirar o valor da revista.
Eu pensei comigo: "Mas o troco, eu o tenho no meu bolso."
- Sim, eu agradeço. - Eu estendi a mão, mas ele se adiantou e guardou no bolso da minha camisa e apenas piscou, selando uma única frase.
- Cuide bem de seu Dinheiro Braw. - O cara que vestia um suéter com um colete por cima se virou e foi embora pelo corredor, e meus olhos acompanharam apenas com uma pergunta. "Como ele sabe meu nome?"
Pensei muito naquilo quando voltei para terminar a comida do prato. Algo em mim dizia que ele podia muito bem ter pego a minha ficha na recepção e ter olhado lá, escrito de maneira torta (como escrevo), James Silvery Brawtingumn.
Mas algo rejeitava a ideia e criara uma espécie de nevoeiro místico em uma atmosfera que falara bem que aquele sorriso em companhia da piscada, eram por si só bastante familiar.

Depois que acabei de ler tudo e também de me fascinar pelas referências que aquele circo tinha ou na verdade não tinha: Pois eu nunca ouvi falar de uma empresa mundialmente conhecida que se chama Circus's show RnG. Ou uma empresa também mundialmente famosa que se chama Ruffus Know. Ambas as referências citadas eram sobre uma avaliação que enquadrava o circo em um dos melhores do mundo, deixando-o na classificação de nove de dez, e tinha notas de apresentações artísticas que taxavam 9.8/10, e isso ficava à frente do Circo de soleil. Bem, quando de fato terminei tudo, até as paranoias que me deixavam a mercê de decidir ir ou não ao circo, eu percebi repentinamente que minha noção de tempo havia sido burlada.
Os ponteiros do relógio de girassol estampado na parede quase que saltavam, ambos, do ponteiro 6.
Eu tinha 10 minutos para decidir ir ou não, já que levando em consideração que a avenida de Rotten north era a mais rápida e me dava 30 minutos de passadas suaves ou 20 de uma bela caminhada apressada. Era apenas 10 minutos entre o talvez e o não.
Eu olhei uma última vez no espelho e através dele, revirada na cama, eu vejo aquela revista. O sorriso misterioso implantado com as duas mãos dentro da cartola, e uma névoa mística saindo de lá. Aquele bigode sofisticado e aquele olhar... aquele olhar elegante e ao mesmo tempo místico, pertencentes à RusszMeyer - El mago. Ele pareceu falar comigo, e eu vi, eu senti... que ele me chamava, e distraidamente eu disse sim para o espelho.
Então eu fui.







Continua
 ...










Referências:
1.¹, Piadinha feita com a frase inicial da canção "Surfin Bird" da banda The Trashmen. "Todo mundo sabe que o pássaro é a palavra", tradução. Via: https://pt.wikipedia.org/wiki/The_Trashmen e https://www.letras.mus.br/the-trashmen/399910/traducao.html .
2.², Robert Leroy Johnson, guitarrista e cantor norte-americano de blues. Cujo há uma lenda sobre ter vendido a alma para o demônio em um encruzilhada. Via: https://pt.wikipedia.org/wiki/Robert_Johnson ;  


Reclamações, tratar com:

Johnny O.Brian, o maqueiro.

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