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sábado, 19 de setembro de 2015

O náufrago (8)

Ele toca um banjo velho. Duas cordas se foram e duas ficam desafinadas. Mas o som ainda é calmo e a poeira corre na areia da praia. Ele está atento a tudo. Principalmente ao pôr-do-sol, pois este o traz uma paz momentânea.




26 de agosto. Meu relógio parou de funcionar.
Eu sabia.
Estados Unidos envolvido com a Alemanha. A guerra foi uma farsa. Dois países ocultos por trás de uma manipulação de marionetes brincando de matar uns aos outros. E por quê? uma experiência chamada "Helpiest". Tentando fazer soldados que são imunes ao frio e ao calor, ambos em alta extremidade. Uma espécie de "Super Soldados" para fazer um exército que possa ser manipulável. Mas parece que os planos foram jogados por água abaixo. Primeiramente tentaram transferir um coração de cavalo ao homem, para assim aguentar imensas pulsações sem haver paradas ou danos que afetam ao músculo cardíaco. Inicialmente eles obtiveram êxito, mas logo após (sempre têm de haver esse tempo de espera para o corpo humano rejeitar, não é preciso ter doutorado nisso), o corpo sofreu convulsões e as batidas cardíacas aceleraram como um motor de carro, levando a uma explosão sanguínea de todos as veias, acarretando ao final súbito.

Na segunda tentativa eles tentaram transferir a pele dos animais para que possam reter calor, e assim não ter frio. Mas a pele rejeitou e tiveram escoriações no tecido imediatamente.

Na terceira chance, foram as partes de animais tentando colar no corpo humano, que logo depois de 3 meses o individuo começou a ter perdas momentâneas de energia muscular. Quedas e tombos. Conseguiram. Mas estavam fracos. E agora... Estão desenvolvendo uma espécie de super-adrenalina e um controle cerebral eficiente, pois estes ainda não saíram do papel.
Tenho tudo anotado em um caderno.
Toda a informação que consegui saqueando aquele soldado em um momento de desatenção. Andei por trás agachando-se. Descobri um passe que dava para uma sala, da qual só era liberado o acesso com esse passe. Uma sala à parte da torre. Essa torre é oculta por uma névoa branca - isso explica eu não conseguir ver nem durante o dia e nem a noite, está camuflado.
Os próximos detalhes eu contarei amanhã. Preciso estudar esses.
E por mais uma vez...





Eu sabia.











Nota: Sem intenção de prejudicar a imagem do país ou pessoa jurídica. Apenas uma história.
Ou por acaso, seus pesadelos são reais? poderiam ou não ser...

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

O náufrago (7)

"Respirando o medo mais uma vez. Entre peixes e crustáceos presos em linhas embaraçadas da rede de pesca, estava uma camisa camuflada. Nela havia buracos, assim como na mente de Dean Lout - o pescador.




21 de agosto, 12:00.

O Sol está bem quente agora e minha visão do mar está um pouco embaraçada. Senti náuseas. Pisei em um espinho e agora percebo que não era de fato um espinho e sim a ponta de algo venenoso. Minha garganta coça por dentro, é doloroso passar por isso. Passei a noite anterior abaixo com as roupas que cheguei aqui. Antes eu não estava, pois havia roupas mais casuais dentro da bolsa que achei. Couberam perfeitamente.
Ouvi o rádio e há vozes múltiplas falando uma espécie de código. Parece ser russo. Se for...
Então temos aqui os Estados Unidos, Alemanha e a Rússia trabalhando aliadamente. Isso não me parece ser certo agora, estou confuso e surpreendido com repentinos flash's daquele navio. Lembro-me de ver o comandante e o capitão apertando as mãos e segurando as taças de champanhe. Comandante Smith olhando nervosamente para o relógio - parecia esperar algo - e de repente a luz do navio falha e só havia 2 botes. O que me faz pensar que todo o incidente era para de fato acontecer. Acho que o governo está escondendo algo e que definitivamente era para eu estar aqui agora. Isso me dá calafrios. E nessa manhã quente, é estranho. A brisa é forte... O vento parece conversar comigo.
Preciso desvendar esse código. Assim... Encontrarei respostas.



24 agosto, 00:00

abdiquei de meu sono esta noite. Resolvi me armar com um arpão improvisado e roubar um dos chicotes que estavam à deriva em cima da pedra. Aquela mulher desfigurada meu viu, sorriu e derramou algumas lágrimas pelo seu olho, ou pelo o que sobrou dele. Eu terei de tira-la de lá. Eu prometi.
As noites anteriores me fizeram repensar no código e descobrir que não se trata de linguagem russa e sim um tipo de criptografia linguística - Posso não saber de russo mas entendo padrões e aqueles estavam errados.
Sempre que venho aqui eu fico debaixo da ponte, no lado escuro e oculto. Já experimentei observar minha camisa sozinha lá e bem... Eu fico invisível lá. Isso me dá opções, limitadas, mas ainda sim opções.
Eu ouço as botas de bico de aço baterem no chão acima de mim. Eu tenho bastante experiência para reconhecer estas botas. Camucim e cano longo. Pertencentes originalmente à patrulha dos bons homens que chamo de "EEU"(Exército dos Estados Unidos), que agora para mim são inimigos. Poderia ir lá mostrar meu documento. Pelo menos isso se salvou. Mas depois do que vi por aqui, isso seria uma burrice à nível extremo.
Engraçado que até o jeito de caminhar é reconhecível. Vinte anos servindo daquele jeito até subir um pouco.
Novamente torno a ter calafrios e sinto náuseas e tonturas sucessivas. Sempre que passo por aqui. Desde que pisei naquele "espinho".





O vento parece conversar comigo.






quinta-feira, 17 de setembro de 2015

The curse of Abigail - A maldição de Abigail

E quando nem nos seus sonhos você está a salvo? Seria algo do tipo "Freddy Krueger"? Mas a verdade é que o Sr. dos sonhos ruins pode ser morto ou derrotado, mas nessa história há algo que não pode morrer, não pode sumir, e não pode mudar. Uma força maligna e descomunal.

E de alguma forma esta história já começa sem um final determinado...






- Poderia ser uma boa ideia, se em vez de tubarões, nós empurrássemos-as da janela da sala de reunião. E isso poderia ser assim que se iniciasse os discursos de três horas. Ouvi-la cair do décimo terceiro andar... acho que daria tempo de gritar "assine os papéis, talvez dê tempo!". Seria uma hora perfeita.
Abaixo da carteira onde havia escrito o nome e sobrenome, poderia haver uma plaquinha de papel que dizia:
- "Glender Bower, o chefe dos tubarões de negócios do estado da Califórnia" - Exatamente, rigorosamente e justamente, três palavras para adjetivar que nada passara por ele durante as quase duas décadas que passou trabalhando naquela empresa da cidade de Sacramento - nada passara, ele agarrara tudo, ele vencia tudo, e por fim... sempre cumpria seus negócios com a certeza de que ganhou a maior parte ou venceu com uma certa vantagem sobre. - era assim que ele era. "É assim que tem que ser, é dessa forma que as coisas andam." - A forma como costumava falar quando alguém tentava perguntar a razão de sua rigidez ou frieza em cima dos "adversários".
Seus cabelos ruivos e calvos em uma cabeça branca o fazia parecer o palhaço do logo do "McDonald" com um ar de psicopata ou "jeito Charles Manson de ser". Nunca se importara de fato em fazer negócios que ele pudesse perder. Mas quando a conversa girava em torno de:
"- Você não vai comprar nossas ações, sua empresa não é confiável a nossa equipe."
"- Não podemos dividir lucros com um cara que penteia o cabelo como um louco. Não cuida nem de si mesmo e quer parte aqui? - Risos finos e irônicos (geralmente dados pela boca de uma mulher) - Patético!  - Era uma questão de honra vencer. E sempre era hora de vencer, pois estas conversas jamais deixaram de existir no meio deles.

Havia pessoas conversando e rindo nos escritórios e recepções dos três tipos de maneiras de entrar:
"Entrada dianteira - Geralmente as pessoas mais preguiçosas ou as que trabalhavam na primeira recepção entravam;e era próximo do estacionamento; preguiçosas!
Entrada de serviço - Somente faxineiros. Nada mais há relatar.
Saída - Bem. Ela funcionara mais como "entradas" do que como "saídas". Pessoas entravam pela saída para dar tempo comprar cafés de feirantes que permaneciam naquele lugar estratégico. Ganhavam uma boa grana por lá. Cafés... sempre cafés... o combustível da mente humana, ou seria, o refúgio do tédio?"
As horas voavam enquanto as pessoas que estavam na "saída" começavam a entrar. Algumas ajeitavam suas coisas para irem embora e recolher os seus cartões de chamada na sala de administração. Outras chegavam para o turno da noite. Pequenos pingos corriam como um exército pelo asfalto anunciando com uma entrada de 9°graus, a chuva.


Glender tirara suas pernas de cima da mesa para alcançar uma gaveta do seu lado esquerdo. Ele buscara os papéis de controle de progresso de contratos. Mas a gaveta está tão limpa quanto o próprio piso carmesim. Ele olha para a janela. Pessoas cobrindo suas cabeças com as pastas de couro ou puxando o próprio terno para fugir de uma parcela da chuva. Outras dando pequenos pulos para tirarem os saltos que atrapalhavam a corrida. Havia também os que se agrupavam para lutar por um lugarzinho coberto, pareciam pequenos e indefesos pássaros molhados.
- Hum... interessante.
Ele pensa consigo.
"O que seria bom agora? Meu disco do Rolling Stones!
Mas qual seria a faixa? Você sabe responder essa, seu cover do palhaço Donald!"
A próxima frase caminhou para a ponta de sua língua como se fosse uma única palavra.
"S-Y-M-P-A-T-H-Y F-O-R T-H-E D-E-V-I-L" - seguido de - "Yeah!"
Seus sapatos com uma pequena protuberância na parte de trás dizia " Não sou dos anos 80, e daí?".
Ele se vestia como se estivesse vivido lucidamente aquele tempo, mas não viveu. Tinha quarenta anos e nasceu em 75, ou seja... caminhou para 1980 com apenas cinco anos e não lembra desse tempo claramente, apenas de algumas idosas que morreram ou doces que lhe ofereciam, talvez.
A música já estava na parte onde ele mais gostava e seus sapatos ressoavam na sala acompanhando a música em passos inventados:
"Por favor me deixe apresentar-me...
Sou um homem de posses e bom gosto
Deixei armadilhas para os trovadores
que acabaram mortos antes de alcançar o Bombay"
Era esse o momento tão esperado, onde ele chutava o ar e um de seus sapatos flutuava para quebrar algo. Sempre:
"Quem? Quem? Quem?"
A chuva gritava do lado de fora da vidraça e atraía os olhares para a enorme iluminação da sala do décimo quinto andar do prédio comercial "Sacramento Agency Business". Era sábado e os amontoados de pessoas debaixo dos sobrados curtos que ainda molhavam as pernas, estavam observando lá em cima. Havia poucos carros passando. Naquele monótono e enfadado começo da noite, apenas Glender se divertia.
Era estranho pensar que as pessoas estavam grudadas na sola de seus sapatos. Glender pensara assim. Algo nele dizia que "pessoas não tem sucesso na vida por serem ridiculamente patéticas e acharem que alguém realmente vai se importar com programas de tv, novelas ou reality's shows. Com o dinheiro, talvez. Na verdade, com certeza com o dinheiro. Mas com a fama que as pessoas têm de falhar miseravelmente caindo em prantos por não completarem certas provas, pelas quais lhe denominará "líder, senhor de tudo" - Essas pessoas são medíocres, e quem assiste consegue ser mais patética ainda!
- No que estou pensando? O dinheiro rola para mim assim...

24 de outubro - 19:54.

- Sim, eu sei. Mas sua igreja têm um enorme terreno e nós já compramos esse prédio e queremos expandi-lo para uma nova filiação. Nova instalação. Um prédio de frente para o outro, isso era plano desde o início da nossa empresa. Apenas crescer. E pelo o que está escrito aqui nessa escritura, esse "seu" terreno pertence a nós e foi cedido em 1990 para construírem um prédio da prefeitura,(o que tempos depois não foi feito), desde que... pagasse todos os impostos e pagasse à nós - obviamente. - Tomei a liberdade de pesquisar os documentos sobre isso na prefeitura local, sabe o que descobri não é? - Bower joga os papéis em cima da mesa e espreguiça seus braços ao longo do encosto da cadeira. - Descobri que desde 2005 isso não é feito. Poderíamos processa-los por sonegação de impostos se fossemos do governo, mas não somos. Também poderíamos delata-los para a prefeitura, mas não somos tão cruéis. - Um pesamento segue em sua cabeça como a velocidade de um trem bala - "Somos sim, ha-ha" - Apenas queremos que se retirem e paguem uma parte do que é nosso por direito, você entende. Não entende, Senhorita Abigail?
Apenas o silêncio toma conta da conversa por pelo menos 30 segundos. Bower olha para a tela de seu Smartphone mas a ligação não caiu e a área do celular está completa. Há um pouco de estática e ela recomeça:
- Sabe, Sr. Glender... Pregamos a palavra do senhor. Apenas isso. Não interferimos em suas obras ou negócios. Para nós isso não vale nada. A paz de Deus é o que reina sobre a gente. Não devemos abandonar a casa de Deus, não devemos abandonar esse solo sagrado. E nossa resposta é "não". E Deus disse : de maneira nenhuma te deixarei, nunca, jamais te abandonarei. Após a queda, satanás e os anjos maus se tornaram os nossos principais adversários, porque se opõem aos planos de Deus, para impedir sua realização por nosso intermédio, e você Sr. Glender está nos atrapalhando. Está atrapalhando os planos do bom Deus. Você é ateu?
- A questão não é essa senhora Abigail Collins. Por acaso está ameaçando fazer algo? a lei vai tira-la daí, e onde estará o seu Deus?
O tom de voz de Abigail aumenta e se fortifica.
- A LEI DE NENHUM HOMEM ATRAPALHARÁ A LEI DEUS, POIS ELE É MAIOR SR. GLENDER. ELE É DONO DE TUDO. ELE FEZ VOCÊ E PODERÁ MATA-LO TAMBÉM. APOCALIPSE 20-15 " E SE ALGUÉM NÃO FOI ACHADO NO LIVRO DA VIDA, ESSE FOI LANÇADO NO LAGO DE FOGO E ENXOFRE.
- Ei, ei , ei - Sua voz se torna apaziguadora mas nada amigável - Está me ameaçando?
Abigail volta ao tom normal e também de paz, mas irônico:
- Eu? Mas é claro que não. Só digo o que Deus faz. Você não sabe que quando ele promete, ele cumpre? Deus me disse que a fúria dele cairá sobre você hoje, e não tem onde se esconder. Não sou eu que vai fazer nada. Eu juro que quando você estiver queimando no inferno e eu estiver ao lado de Deus, irei instintivamente rezar por sua alma. Tem a minha palavra... - Ela dá curtos risinhos e diz - Tenha uma boa noite, Senhor. Bo-bower.
Antes que o final fosse esperado, de ela desligar o celular e ele automaticamente ligar para a prefeitura. Ele desliga o celular mais rápido que ela. Olha para a porta de madeira aberta que dava para um corredor dando acesso as escadas de incêndio e elevadores, também complementos de algumas salas. Ele pensa consigo.
- Ela não deve estar falando sério. Isso é fanatismo ou loucura, na verdade os dois. Amanhã será um grande dia. Eu vou tomar na força aquilo. Pertence a mim e ninguém poderá tira-lo, nem mesmo Deus. Está no contrato. É uma presa fácil para esse grande tubarão branco aqui.

Atrás dele a chuva começara. Pingos saltavam na janela. Um ar quente toca a enorme vidraça, como se alguém expirasse ali. Formando uma única frase, como se fosse uma palavra só, e ela dizia:
"hold your dreams, you fool."
Bower levanta. Apaga todas luzes. Olha para trás, adiante na escuridão. E por mais uma vez ele pensa:
- "ela não pode tá falando sério".
E vai embora.

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Já em casa e se preparando para dormir. Há leite e torradas de pão em cima do criado-mudo de sua cama. Lado esquerdo. Onde ele mais gostava de dormir. Se vasculhasse um pouco iriam ver uma caixa de comprimidos psicotrópicos "Lexotan". Aquela frase realmente caiu sobre sua cabeça, " Deus disse que a fúria dele cairá sobre você hoje." - há um certo arrependimento em seu semblante. - "Onde estará seu Deus?" - Essa foi a frase final até o comprimido fazer efeito e seus olhos fitarem apenas o ventilador de teto rodando em minúscula velocidade, funcionando como um hipnólogo para sua mente. Seus olhos estão próximos de se fecharem por completo, uma última pergunta é feita naquele ar:
"Onde estará seu Deus?" - Bower apaga.

Ele acorda com o despertador apontando 3 da manhã. Mas ele não colocou aquele horário. Na verdade era para disparar quatro hora mais tarde.
Há muito barulho vindo da sala.
Ele morara sozinho, desde... Sempre.
- Quem está aí?
Ele vê a si próprio chorando no canto da sala com pinturas de palhaços pelo rosto. Pinturas enegrecidas pela sombra que criara suas lágrimas escorrendo pelos seus olhos. Ele risca a parede com o sangue de suas unhas quebradas e carcomidas, ensanguentadas. "Onde está seu Deus?' - "Eu não sou Deus!"
Palhaços brincam pela sala em pernas de paus, em cima de bolas, equilibrando-se no lustre de cristal, malabarismos com bolinhas coloridas. Um deles diz:
- Está pronto para o purgatório? É divertido aqui. É fantástico.
Todos os palhaços para o que estão fazendo e fitam Bower. Seus olhos parecem ter mudado o tom feliz para trágico.
Tiram as facas de dentro das grandes calças e apontam para ele. Logo após, cortam suas próprias gargantas, mas não sangra. Confetes pulam para fora como uma atração infantil.
Durante toda a cena perturbadora a mesma frase recomeça em sua mente, mas dessa vez é um pensamento alto, esse pensamento cria vida e grita:
"Onde está seu Deus?"
"Onde está seu Deus?"
"Onde está seu Deus?"
"Onde está seu Deus?"
"Onde está seu Deus?"
"Onde está seu Deus?"
"Onde está seu Deus?"
Todos os palhaços que estão no chão estão gritando acompanhando aquele pensamento. Um aparece ao seu lado.
"Senhor Bower?" - Glender olha pra ele.
"Onde está seu Deus?"
Suas pernas aceleram para fora daquela casa. O caminho vai aparecendo em sua mente como um mapa decorado.
Sala, quarto, banheiro, dispensa, sala de produtos de limpeza e cozinha, por fim, porta da frente. Para onde ele olhava ele via aqueles malditos palhaços com facas dilacerando a si mesmos e saindo confetes, mas dessa vez eles ficavam desmembrados pelo chão e se debatiam. Confetes saltavam para seu rosto. Eles riam disso. Ele corria para as saídas mas todos bloqueavam, onde quer que ele iria.
- Deixe-me pensar... falta algo... - Sim, a porta dos fundos.
Ele abre a porta com força e se arremessa para fora.
- Como raios eu vim parar aqui?
Sala com os discos dos Rolling Stones. Uma adega improvisada. Uma mesa rústica e piso carmesim. Uma grande vidraça escrita com um líquido em textura vermelha viva com dois metros cada letra:

"Onde está seu Deus?".

Contratos estão espalhados por toda a mesa. São do mesmo caso. A igreja de Sacramento. Espalhadas como se fossem cópias, dezenas delas ou até mesmo centenas empilhadas na mesa. Algumas voavam no ar em espiral e caiam no chão se espalhando novamente.
Abigail estava sentada na cadeira onde ele ficava. Ela se vira lentamente em direção a ele.
- Você assinou esses papéis, Bower. Apague-os, você não precisa de nossa igreja. Você não precisa. É um homem que tem demais.
- Ninguém tomará aquilo de mim, É assim que tem que ser. É assim que as coisas andam. Eu já assinei e o que você fará? me matará? Isso é apenas um sonho ruim. Nada fará a mim aqui.
- Tem certeza disso, Sr. Bower? Apostaria sua vida nisso?
- Com toda a mais clara e sensata certeza. Sim eu apostaria.
- Então gostaria de um jogo? eu tenho um para você. E ele começa...
Agora.

Um novo dia começa em Sacramento. Pessoas se banhando na praia em outras partes do estado.
Glender Bower começara seu dia em um emprego de limpeza do prédio de Sacramento. As coisas estavam calmas, não haviam pessoas por lá. Tudo tranquilo.
- Roupas de um funcionário de limpeza? - Sua cabeça meneia para os lados em um sinal de rejeição - Até parece... Vou subir ao meu escritório e começar a detonar aqueles crentelhos que me fizeram ter uma péssima noite de sono.
Abigail continuara lá.
- O que raios está fazendo aqui?
- Essa empresa pertence a mim agora. Você não deu valor suas coisas, e agora pertencem a mim. E neste momento é você que não tem nada. Farei desse lugar a fortaleza de Deus.
- Que tipo de brincadeira é essa?
- Eu amo. Estou rindo muito por dentro. Eu posso faze-lo desaparecer agora se eu quisesse mas deixarei a loucura tomar conta de sua mente.
- Será mesmo?
- Daria sua vida nisso?
- Eu...

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3 dias depois.

- Alguém poderia abrir a porta desse escritório? Há três dias ele não atende nossas ligações, há três dias ele está perdendo negócios.
Há uma multidão em frente a porta grande e grossa de madeira. As pessoas gritam:
"Tragam um machado!" - "Tem um na caixa de emergência de incêndio!" - "Eu vou buscar!"
Golpes são desferidos na porta. Pouco a pouco uma fenda vai se tornando maior. E abrindo espaço para os olhares curiosos.
- Glender? Mas que m#rda você fez aqui?
Discos quebrados no chão e roupas rasgadas. Adegas de vinhos destruídas, há um sapato lá no meio também. A estante está no chão e quebrada. a Mesa está no chão como uma espécie de escudo. Os passos de todos que aguardavam no corredor vão avançando a medida que o primeiro da fila também avança, lentamente eles vão começando a ver adiante da mesa caída, os restos de cabelos ruivos bagunçados. Há uma cortina que vai caindo devagar, ela cobre a vidraça.
Eles vão ouvindo o riso histérico saindo como fluência. Alguém está com as mãos tortas cutucando o chão, apenas de cueca. Unhas quebradas e arranhões por todo o corpo, ele se encontra em uma posição fetal sentado.
Ele repetia apenas uma frase:
- Onde está seu deus? onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?onde está seu deus?
Seus pulsos estavam cortados mas não de forma mortal. Havia sangue por todo o chão.
- Realmente o cara enlouqueceu. Tirem-no daqui. Levem-no para um hospício.
Dois homens altos pegam cada um em cada braço e levantam-no. 
Ele olha para os dois homens e sua boca saliva muito e ele diz:
- Eu não sou Deus.

Hospital Cameron Forbes - horas depois.
- O paciente de fato enlouqueceu. Não responde há nenhuma pergunta e só consegue abrir a boca para falar uma só coisa. O que eu posso fazer é medicá-lo para não deixar ele nervoso ou elétrico. E deixar-lo aqui. Não há como dizer que ele vai voltar a ser lúcido como uma pessoa normal, é difícil mas eu acho que esse foi seu fim. - O médico repassa todas as informações ao amigos de Glender, amigos da empresa. Pega seu caderno e anota uma medicamento. Ajusta os óculos e balança a mão no ar para chamar a enfermeira. - Dê isso a ele agora, por favor.
- Sim senhor.
Ela entra no quarto e Bower está sentado em cima da cama. Ela abaixa a máscara cirúrgica. O único momento de lucidez que Glender Bower teve foi ali. Ele olha para ela atentamente:
- Abigail?
Ela faz um sinal de silêncio com um dos dedos.
- Ele iria suplicar por ajuda. Mas o medicamento o fez virar seus próprios olhos e dormir profundamente.

No seu antigo escritório a cortina cai... Revelando o segredo. Escrito com seu próprio sangue estava:

Alguém me ajude! alguém me tire dessa maldição. PoR FaVoR!








Notas do escritor:
A maldição de Abigail.
Aqui está uma frase importante:
"Nem pelo céu e nem pelo inferno."
Apenas pelas mentes más que destroem o mundo achando que está se dando bem de alguma forma. Achando que está melhorando algo que contrariamente, está destruindo. Essas pessoas não só destroem tudo o que tocam mas destroem a si mesmos também.
De qualquer forma pessoas idolatram coisas e não amam seus próprios irmãos. Ignoram para falar a verdade baseada numa mentira.
Deus é apenas um conceito que nos faz isolar nossa dor e deixa-la em um reservatório para não se importarmos tanto.
Alguns acreditam. E eu tenho experiência para saber o que achar disso tudo. Pessoas idolatram santos, imagens de animais, demônios ou outros tipos de deuses, no fim tudo se torna uma entidade que os fazem sentir alívio. E por final. 
eu vos pergunto:
"Onde está o seu Deus?"





Algo para complementar a frase:
Nem pelo céu e nem pelo inferno, "apenas por si mesmo."



 

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