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quinta-feira, 10 de setembro de 2015

há alguém aí? - (contos assassinos) -

Palavras fazem mais sentidos quando sopradas no vento de pequenas mentes, elas vão chegando e chegando como um trem de carga ganhando propulsão em uma descida, e daí quando menos se espera... Essa bola de neve se tora algo chamado "ideia".


Não muito tarde, ou muito cedo. As horas simplesmente se embaralhavam como os carros do trânsito na avenida Boulervard com a Gen. Nickinson. Havia amontoados de pessoas nos bares - algumas bebendo o suficiente para subirem nas mesas e dançarem quase seminuas - outras apenas comendo mais do que bebendo, somente para enganar o álcool. Mas ambas eram dissimuladas nos olhos de Roger - ele sentia ânsias de jogar o carro por cima da calçada e sentir os corpos de cachorros mortos desequilibrarem um pouco por baixo dos pneus dianteiros, até chegarem a inclinar o carro alguns graus nos traseiros (sendo amassados como batatas,isso daria prazer a ele), atravessando o meio fio e desviando de alguns hidrantes (havia três seguidos um do outro no bar do Bears - onde ele mais gostaria de fazer tal ato)  para pegar os que estavam mais ocultos adentrando o bar, e então pega-los de cheio também. Mas naquele momento ele tinha família dentro do carro. Elas também tinham.

Mas quem foi que disse que ele se importava?

Foi preciso um certo engarrafamento na Ms.Alonso Trumam para fazer Mia Tenner abrir a boca, depois de encontrar várias famílias criando bonecos de neves malucos, era véspera natalina e ela queria algo assim.
Sua mente infantil invejava tais práticas, de certa forma, ela queria se divertir no natal mágico como toda criança. Sua voz não era estressada como as de crianças pentelhas e sim calma como plumas de um confortável travesseiro:
- Papai, podemos fazer um boneco de neve? - Seus dedos se entrelaçam e seus bracinhos esticam-se para cima, juntos.
- Claro, logo depois de trocar de roupa e jantarmos e fazermos nossa árvore - Nesse momento Roger se questiona sobre o quão péssimo pai ele poderia ser. Era quase noite de natal e o mínimo a se fazer era ter uma árvore de natal pronta para o "dia tão esperado por todas as crianças do universo", também chamado de "grande babaquice" por Roger. Ele fora do grupo daquelas criancinhas que não tiveram infância nenhuma e que quando menos esperavam os seus presentes eram coisas que eram importante para não morrerem nas vielas, coisas como:
"Vale alimentação" - Ajudará minha família em casa. E não morreremos de fome. - Pelo menos não ainda.
"Ticket de trem" (gratuito no último vagão. Onde há imundices de porcos trasportados para outra fazenda. Suor forte e notável abaixo dos braços cabeludos dos caipiras. E não servem café, (ele queria aquele café). - Ótimo para não caminhar 20km para casa ou da casa para o trabalho.
"Sorvetes do Sr. Gelado" - Esse sim valia a pena mais do que os outros (afinal uma criança era uma criança independente de que tempo ela esteja), pois ele sabia a música do logo da marca que passara sempre ao meio-dia, decorada em sua minúscula memória. Era no horário onde ele tinha "férias adiantadas", intervalos de 15 mim todos os dias na serraria do Sr.Johnson, eles contratavam menores desde que fizessem algo que ele costumava soletrar quando iria falar em contratar alguém novo: T-R-A-B-A-L-H-E! (acredite ou não, no panfleto amarelado havia essa frase em letras de fôrmas, também separadas).
Essa monotonia se arrastou por anos, até saírem do Tennessee e irem para Washington, na casa de um de seus tios ricos e Roger deixar de comer coisas enlatadas ou carnes de segunda mão, para comer coisas que ele não tinha ideia que naquele tempo elas existiam.
- Pensando bem, a parte do Sr.Gelado era sim uma infância;não como beber como os jovens dissimulados costumavam praticar, ou se drogar por fazer "parte da moda";certamente não; Ou não seria por isso que jovens da mesma idade que eu tinha naquela época fazem isso hoje em dia? - Ele pensa consigo, dirigindo à 20km/h na rua de volta para sua casa. Fazia alguns minutos que ele teria deixado aquele "bar amaldiçoado" em suas costas, tão distante que nem pelo retrovisor era mais visível, ele acelerou o processo pisando fundo. Talvez se soubessem o que passou em sua cabeça quando passou em frente de lá com seu Ford 97, ele teria de pedir desculpas por seis bares seguidos;aquelas coisas procriavam entre si, cada dia que se passava, um novo bar abria;mas de alguma forma, ele seria preso por arrancar algumas cabeças antes que isso acontecesse. A menos que.. aceitem cartões com adesivos de Smiley sorridentes dizendo "Sinto muito" ou "Eu não vi que havia cachorros na rua", sim, ele se referiu à eles como "cachorros" enquanto pensava.
Roger achou que esse pensamento irônico iria coloca-lo na forca. E isso não seria divertido:
- "Como a tecnologia está avançada hoje em dia, eles podem ler minha mente, não vou nem arriscar". Era patético e ele sabia. Mas já estava quase em casa. Faltava uma única descida. Era pretexto para tapear o tempo enquanto não chegava.

Havia uma loja de machados no inicio da descida da Fablestrest. Atualmente estara fechada por motivos de possíveis desabamentos. Estruturas danificadas. O tempo que corroera os ferros dentro das colunas. Aqueles papos civis. Thomas Roger sabia que havia alguém lá. Ele jurara por sua vida e seu nome que havia alguém de pé lá naquele momento. Gorro natalino escuro e roupas de palhaço, com pinturas desgastadas. Um e noventa de altura estimadamente, e olhos escuros que não podem ser vistos, porém, sentidos com sucessíveis calafrios que gelavam a espinha e subiam à nuca.

Ele sabia que tinha visto-o. Ele... Sabia.

O carro vai freando. Enfim, de volta à residência dos Tenner.
Thomas tirara a mochila de Mia do carro e olhara para os lados certificando-se de que não há nada perseguindo-o. Não era preciso ter que adivinhar para saber que dentro do bolso de sua jaqueta de motoqueiro, com correntes prendendo um pingente na gola que dizia "Hell Wheels", havia um celular com o 190 já discado. Não era que ele acreditasse no fato de alguma entidade sobrenatural estar tentando mata-lo. Ou justificar isso como uma miragem relacionada com alguns pesadelos com alguém em roupas vermelhas que acertava sua cabeça de todas as maneiras. Mas sim. Ele achava que algo estava errado. E até então ele não havia se tornado louco. Ele sabia, sacou?
Havia alguém lá de pé e ponto final.
Ele poderia se questionar durante toda a noite sobre isso. Ele poderia ter parado o carro. Mas de alguma forma ele sabia que aquilo ou o que fosse aquela coisa iria sumir, porque é sempre isso que acontece em terrores clássicos, ele não era tolo de perguntar "há alguém aí?". Os mocinhos do filme começavam a se dar mal quando abrissem a boca para perguntar quaisquer besteiras assim.
- "Era melhor esquecer e seguir em frente como se nada tivesse acontecido -
Esse pensamento veio logo após um ar de coragem e um tanto másculo que adentrou seu peito. Talvez ele veio seguido de alguns "Vamos lá senhor T... Não há nada lá e nós dois sabemos disso".

Mas isso poderia não ser assim. Se ele estivesse olhado mais uma vez para sua esquerda no inicio da rua - Além das crianças que bagunçavam com os rostos do boneco de neve deixando-os insano, ou depois do mercado Wall-mart que já estara fechando, até mesmo adiante da calçada da casa dos Simeons. Ele certamente conseguiria ver algo andando e trazendo consigo uma névoa escura, trazendo o ar do mal consigo.
Algo que dizia:


-"Ela é minha... e você não pode fazer nada garoto Thomas... Você ainda é aquele pirralho que mijava nas calças quando assistia à programas policiais com seus óculos fundos. Eu conheço você... sim eu conheço... Você sempre será um garotinho para mim, Pequeno T."

Thomas tirara sua roupa e ficara somente com um calção casual. Lá de cima, na janela de seu quarto no primeiro andar ele conseguira avistar todo o cruzamento da Avril Lake com a rua Garden - Havia muitas pessoas lá e o local estava estranhamente iluminado por postes com uma única luz(diferente dos postes de sua rua que tinham duas lâmpadas). E essa iluminação singular deixara o local misterioso, havia certos cantos que não haviam para adivinhar o que existira lá. Pessoas brincavam atirando neve um no outro, outras pediam esmolas para passarem a madrugada bebendo.
Seus dedos tocam a persiana e abrem um pouco olhando adiante na escuridão. Por um momento ele pensou que aquela coisa estava lá observando-o ou sorrindo de maneira histérica para ele. Seu pensamento se silenciou com a porta abrindo e rangendo lentamente e a luz do corredor adentrando o escuro, e tomara conta de seu quarto agora.
- Papai? - Ele respirou fundo trazendo o ar da vida de volta a seus pulmões.
- Sim mia? - Seu indicador toca o interruptor ao lado do guarda-roupas cinza.
- Já me vesti e já jantei, mamãe preparou uma boa comida. Ela falou para dizer que espera você na cozinha.
Sua mente se encontra um pouco confusa e seus olhos rastreiam seu celular na cama. Sua mão abana o vento:
- Diga que já estou indo.
No meio de uma jaqueta de couro e um par de meias, engasgado com uma calça e travesseiros da cama bagunçada ele encontra seu celular. A lista de contatos está cheia de empresários, advogados e consultórios dos mais variados tipos. Na sua mente chega um familiar, dez anos e meio de amizade.
- Será que Burt poderia me ajudar? - Seu polegar toca o "Chamar" - Eu não ligo para ele há um ou dois anos. E apareço para incomoda-lo justamente na noite de natal. Eu sou um péssimo amigo - Aquele som continuo atravessa seu celular e chega dentro do seu ouvido como alguém dizendo "desliga esse cell. Você está pegando pesado demais.".
Alguém finalmente atende.
Pessoas conversando entre si e som de música alta. Se fechasse seus olhos ele poderia se imaginar lá, bebendo vinhos e degustando o perus bem assados. Era como em um jogo de beisebol, só bastava fechar os olhos e imaginar aquele campo verde e os atletas rebatendo e pegando as bolas que mudariam a decisão do jogo, isso era possível com os comentaristas emocionados.
- Olha se não é minha garota favorita - Sua voz estara feliz, afinal, porque não estaria? Ele talvez não se recordara que fazia quase dois anos que não se falara talvez, ou dos cartões de aniversários e casamentos que Thomas não compareceu.
- Tudo bem Burt? Achei que tinha ligado tarde demais, alguém teria assado você confundindo com o peru. - Os dois apenas dão risadas. Ele de fato não se importava com os anos que haviam se passado.
- Por que razão ligou agora? Não gostaria que eu fosse busca-lo aí, não é? Meu carro quebrou.
- Não, não é isso. Eu me lembro que quando éramos adolescentes você falou de um cara que apareceu na casa dos teus vizinhos. Usava gorro e era mal encarado. Ah, por acaso você se recorda disso não é? - Há um pouco de silêncio na chamada como se ela houvesse caído. A luz de seu quarto ira se desgastando e enfraquecendo. Ele fitara com seus olhos esses fatos ocorrendo.
 Agora. Interferência no celular. Alguém fala, mas não é Burt. Nem em mil anos a voz de Burt ficaria assim:
"- Ele não se lembra, garoto Thomas".
Ele arremessa o celular na cabeceira da cama, espatifando-se em pequenas explosões. Ele tenta vestir-se rapidamente, apenas coisas rápidas. Blusa e uma calça. Esquece a jaqueta.
- Mia, Mia! - Sua voz apenas ecoa no corredor, ele percebe que as luzes debaixo foram desligadas. Por quê?
Seus passos apressam em direção aos degraus da escada de madeira, "tocks" e mais "tocks" produzidos pela sua bota ressoam no silêncio.
Não há ninguém na sala de estar.
"- Cozinha, isso. devem estar lá". - ele pensa consigo.
Ninguém também. Senão fosse uma sombra tomando conta da porta dos fundos, adentrando a casa pelo espaço abaixo da porta.
Thomas corre para a saída pela frente da casa e é surpreendido por uma única luz acesa no corredor inferior.
Luz azul e doente.
Seus passos diminuem a velocidade da qual tinham enquanto estava nervoso. Ele avista um pouco de sangue vazando no piso xadrez. Seus olhos vão curiosamente acompanhando seus passos até o início de toda a luz.
- Mia? Sarah?? - Seus olhos entonam lágrimas.
Mia estara de pijamas, pendurada de ponta cabeça, sem um de seus braços. Sangue jorrara pelo vão que estara onde ficara seu braço.
Na banheira - Sarah afundada em sangue segurando o braço de mia, havia uma legenda nos azulejos da parede que dizia:
"Navegando para o fim" - ha-ha-ha-ha.
Na sala, alguém o chama, Thomas está confuso e com seu coração pesado, ele apenas diz quase gaguejando:
- Há... Alguém... Aí?
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Noite de Halloween - uma conversa entre dois vizinhos.
- Achei que os Tenner haviam se mudado há alguns anos.
- Não parece que alguém mora aí.
- O que achou dessa decoração dos dias das bruxas, assustadora não? Eles têm sempre a melhor ideia.
- Fazer cabeças de cera iguais aos dos residentes e pendura-las na varanda... Macabro, até parece de verdade...



Fim.
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