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sábado, 7 de novembro de 2015

A casa do barco - Escuridão Total -

As estrelas verdes estão caindo, trazendo desequilíbrio... - Fome, sono, sede, pesadelos, desprezo e revelação.
- Durmam, meus amigos, durmam... - E assim disse a grossa voz. 



Freedie Chawer providencia de dentro do armário de madeira que se localizava em um depósito pequeno (somente para guardar o que não cabia nas prateleiras), fitas adesivas, sete rolos dela, uma marca famosa nos Wall-Mart's da cidade, no rótulo dizia:
- Master Silver Tape - ultra forte, 25 kgs (O que para Tom e Freedie, provavelmente, fazia dela única). Ele permanece de pé dentro da sala, tirando tudo o que dava para se aproveitar e ser reutilizado como porta. Lembra de duas tábuas, que estas, foram sobras de um conserto em um barco antigo e ele havia deixado-as por lá, intocadas por anos, debaixo de...
- Os freezers! - Freedie pensa e capta a ideia de ir busca-las - Caminhando de volta para o início da casa, de encontro aos sobreviventes.

Lecter está embraçando todos em uma manta de algodão que estava lacrada em uma das prateleiras do fundo, quase que oculta entre artigos de pesca e cartuchos e também pentes para as armas:
- Esses filhos-da-mãe deviam estar tentando fazer uma loja aqui - ele pensa. Logo o pensamento vai embora como a velocidade que as balas saíam daquela M3 por um chamado de Freedie para ajuda-lo com o freezer.
Eles tinham um certo tempo até a névoa congelante do lado de fora não afetasse ninguém com o frio, principalmente Tom e Tommy que estavam maus ainda.

Freedie deixa uma das tábuas de mais ou menos um metro e meio de largura e também um metro e meio de altura, deixando-a na horizontal, ele pede para Tommy deitar a sua da mesma forma também em cima, assim o as brechas pequenas poderiam ser sobrepostas com a Master Tape. Não trazia proteção de qualquer bicho do lado de fora, mas trazia proteção à saúde de Tommy e Tom. - E isso já é suficiente - Freedie deixa escapar, baixinho. Lecter pisca um dos olhos, desenrolando a fita adesiva e fazendo um som ao cortar um pedaço com os dentes.
- Pregue na diagonal, funcionará como rede para as tábuas deixando-as estáveis por ora. - Diz Freedie Chawer. E novamente Lecter anui, amigavelmente. Dava para ver de longe que não havia rixas entre os dois, se trabalhassem juntos o que não estava acontecendo quando se conheceram, iriam conseguir sobreviver aquilo, ou pelo menos durar um pouco mais. Lecter Humpt não recebe ordens, também era descendente do exército, e como Chawer ele fora o "Lobo-mestre" que protegia o próprio bando, e não era bonito baixar a cabeça na frente de ninguém. Independente da situação. Era como: morra mas não se entregue! - um dos filmes que mostravam as aventuras de Tex (um cara que representava um soldado em uma guerra que se assemelhava a que tinha ocorrido no Vietnam) que Lecter tanto assistia.
- Tudo pronto, agora precisamos pensar em como sair daqui! - Exclama notoriamente Freedie. - Lecter retribui fazendo um sinal como o de uma câmera invisível que possuía em uma das mãos e novamente torna a piscar para Freedie fazendo o sinal de legal com os dedos.

As tábuas estavam em posições horizontes, como a debaixo estava próxima ao chão e cercada pela Master Tape de 25kg, então esta por sua vez aparentava ser mais estável estando rigidamente de pé. Já a segunda, estava inclinada, apenas um pouco, uma espécie de improviso de Lecter a fez ficar a mais em pé e segura para não se soltar, o mais possível.
- Isso dá conta. - Pensa Lecter - Isso dará conta - O pensamento se segue - Por ora.

Freedie volta da "sala-de-suprimentos" com um ideia em mente. Uma boa ideia e óbvia também. Na verdade eram duas, a outra ele teve depois de contar para Lecter.
- Lecter... Bem... Analisando este ponto de vista, nós poderíamos deixar todas as coisas da sala aqui e se refugiarmos lá dentro, a porta seria um freezer, possibilitaria maior segurança do que aqui. Lecter se manteve calado por um tempo. Depois olhou para a porta com as tábuas que poderiam cair somente com um simples chute, e com um morder em um palito que achara derivando pelo chão, no canto de sua boca, ele vira para Freedie, e apenas meneia com a cabeça para dizer que sim.

Logo após o trabalho duro e as translocações dentro da casa do barco, vêm dizer a segunda ideia para Lecter.
- Pense bem...- ele põe uma das mãos na jaqueta de Lecter Humpt, que este apenas o acompanha com os olhos. - Se eles perderem um de nós, ficará mais difícil para o outro cuidar de todos e proteger ao mesmo tempo. Pense bem... - Agora ele aperta o ombro um pouco mais firme - Se um ficar de guarda aqui fora com uma arma em mãos, ficará mais fácil para que possamos nos defender. Você sabe quem têm mais... Sabe que haverá mais. - Ele meneia a cabeça forçando a dizer sim e apertando seu ombro. No canal na tv dentro do Wall-mart, enquanto ele ajeitava as compras do mês, ouviu que fazendo aqueles gestos era possível fazer com que a pessoa tenha um êxito maior em ficar propensa a dizer o que você quer que ela diga, o que chamam de psicologia barata.
- Que opção mais eu tenho? - Ele diz tirando o palito de dentes da boca e juntando a alguns que foi catando no chão, quebrou um ao meio, mostrou-os a Freedie, como um mágico faz para mostrar que o baralho é totalmente normal (o que não é) e misturou-os na mão e esticou para Freedie, subindo uma das sobrancelhas, sendo convencido.
- Então quer dizer que quem puxar o quebrado está livre?
- Sim. Puxar este é mais difícil, então quem puxar estará com sorte hoje. - Responde Lecter. - Quer começar?
- Sim, claro. - E não é que na primeira tentativa Freedie puxou o quebrado. Aquela cena os fizeram rir como duas crianças, bastante.

Lecter Humpt já estara pondo a mão para dentro da pequena brecha da porta e fazendo um legal com os dedos,
- Então é isso, Lec. - Diz Freedie.
instantaneamente aquele sinal se transformou em um único dedo levantado, mostrando-lhe o dedo do meio.
- Cuidado com a bruxa, Lec. - Tom diz, com uma voz fraca e um bocejo sonolento. Freedie sela a porta com o freezer. Esperando ele...
Ser por todo o resto da noite.

Lecter senta com as pernas esticadas e recostado na parede, suas mãos seguram firme a submetralhadora M3 e ao seu lado está dois pentes e uma caixa de balas com sessenta unidades - suficiente para mais dois pentes - Ele pensa.
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Ele verifica o relógio:
- Duas da manhã. - Lecter pensa rapidamente. - Ainda afundado na escuridão pelas próximas quatro horas e meia até o primeiro fio de luz cruzar o céu.
Ele escuta o ressoar de passos em sua memória e olha para as tábuas provisoriamente colocadas, lembra da cabeça e volta sua visão para a cabeça no chão e se recorda que a jaqueta que estara usando agora estava enrolada naquela bola de ossos. Isso causa-lhe arrepios sucessivos. Isso também se segue com o início do que ele chamara de "martelinho-dourado na mente", o que nós se referimos a um começo de dor de cabeça.
Isso também não era bom.
Pois isso lhe trazia mais arrepios por estar sozinho.
E aqueles olhos vindo da escuridão olhando para ele também,
- Apenas uma bola de ossos - ele pensa. - mas que continua olhando para você depois de morta.
Ele sentia aquilo olhando para ele como se estivesse viva.
Ele a sente piscar.
E isso lhe causava arrepios repulsivos.


- Cinco horas. - Lecter murmura olhando novamente para o relógio. E o silêncio dentro do quarto é preocupante e confortador ao mesmo tempo. Talvez conseguiu cochilar uma hora ou outra durante a madrugada. Ele olha para a porta improvisada, não a do quarto, mas a da entrada e a vê aberta.
Ele se levanta de imediato já mirando na escuridão total.
Uma luz verde emana de lá, e vários pontinhos seguem a luz principal se elevando no ar e iluminando tudo o que permanecia no escuro.
A arma cai no chão e por ser automática acaba atirando duas ou três vezes antes de parar, Lecter está hipnotizado, enfeitiçado pela luz.
A luz diz algo baixo.
Lecter diz que não entendeu, mas logo após apenas confirma com a cabeça e caí no chão, desmaiado.
Suas forças foram embora.
Freedie corre do quarto e observa Lecter no chão, em seguida, ele também caí sem forças.
E isso acontece com Liz, Maggie, Tommy e Tom.
Todos no chão. E no relógio de Lecter Humpt, faz sequenciados bips, anunciando que já era nove horas da manhã.

A bola cabeluda de ossos rola para fora seguindo a luz verde e os pontinhos também verdes, seguida por sua espinha dorsal que rasteja como uma cobra.





Sumindo na escuridão Total.




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